A OPORTUNIDADE

Comecei escrevendo este artigo, consolidando estatísticas colhidas em várias fontes de notícias do país e do mundo, mas ao final, após ler o que seria o primeiro parágrafo, sinceramente fiquei abatido com a quantidade de números negativos, previsões e cenários comprometidos para os próximos 2 anos.

Parei, portanto, de digitar o parágrafo e resolvi resumir 100% do que seria o início de mais um artigo, através da palavra “oportunidade”. Sim, no meio de tantos números e resultados caóticos, o que enxergo para todos que empreendem ou atuam como executivos de empresas é oportunidade para refletir, reestruturar e principalmente “recriar” seus modelos, visões e estratégias. Portanto, depende exclusivamente de você!

AS PESSOAS - O CENTRO DO PROCESSO DE MUDANÇA

Encerramento de operações, demissões em grupo, concordatas, perdas de fornecedores e clientes relevantes, fusões, reorganizações, envolvem “pessoas” e, portanto, vaidade, ego e sensibilidade à flor da pele, vez ou outra escondida, o que é ainda pior. Ignorar isto é o mesmo que ignorar o ar que respiramos e, portanto, algo de uma ingenuidade por parte de quem lidera o processo, que vez ou outra me pergunto se de fato isto está acontecendo ou se o staff da empresa, em peso, está cego ou desesperado. Não se assuste com esta última frase, pois acontece todo santo dia e possivelmente já aconteceu, está acontecendo ou poderá acontecer com você ou com a sua empresa.

Pessoas lideram empresas, pessoas implementam projetos, pessoas exercem atividades no dia a dia e, não o inverso! Ignorar o fator humano é mentir para si mesmo e você sabe que um dia esta conta chegará, possivelmente em cor e dimensão diferente versus o pacote original.

EMPRESA FECHADA NÃO PRECISA DE REESTRUTURAÇAO

Esta frase simboliza bem o uso equivocado de uma mesma solução para um novo problema. Crises e epidemias chegam basicamente para todos e, o que diferencia sobreviventes versus moribundos é a escolha da combinação correta, do medicamento, da dose e, da frequência de uso.

Para cada enfermidade da empresa, existe uma correta combinação, da solução (medicamento), aliado ao tamanho do investimento e foco necessário para resolução do problema (dose), com o momento certo para aplicação das medidas corretivas (frequência). Colar e copiar soluções do passado, vividas em um contexto distinto, é como automedicação. Aparentemente tem um custo apropriado (tomamos o remédio que curou nosso vizinho, sem o devido parecer de um especialista), aparentemente resolve o problema (na maioria das vezes camufla a causa), mas ao final, lá vamos nós para o hospital, bem mais debilitados, quem sabe em fase terminal (internação ou UTI).

Para cada tipo de problema, existe uma solução e um especialista. Se você ou sua estrutura não consegue visualizar ou resolver determinada questão, lembre-se que “empresa fechada não precisa de reestruturação“. Portanto, mexa-se e busque o especialista que entregará a solução apropriada para seu problema e, portanto, o remédio, com dose e frequência apropriada.

FOQUE NAS ETAPAS

Entendida a essência dos parágrafos acima e, portanto, que as oportunidades estão do outro lado da sua porta, que pessoas fazem empresas e não o inverso e, que a insistência em automedicação pode levar à morte, gosto muito de um conceito que li recentemente: “estabeleça o objetivo e esqueça o objetivo”.

No processo de resolução de problemas das empresas, não é raro visualizar que o time de liderança sabe qual é o problema e, até já rascunhou as etapas para resolução do mesmo. Daí para frente, começam os engasgos e desvios no processo. Após a identificação do problema e estabelecida as etapas do plano para correção, o foco deve ser totalmente direcionado para a implementação e finalização das etapas (estabeleça o objetivo e esqueça o objetivo.......foque todo seu esforço nas etapas).

Yvon Chouinard, destaca no seu livro “lições de um empresário rebelde” que a filosofia para se escalar uma montanha deve ter foco no processo de escalar e não no de chegar ao cume. Se você foca no processo (etapas) de escalar, terminará chegando ao cume!

Executivos e empresários, são frequentemente pressionados e atormentados por problemas e, não raramente, buscam soluções através de múltiplas frentes de trabalho, mudam de forma desnecessária equipes e pessoas, trazem ideias a cada novo dia, mas não focam e colocam energia nas etapas de implementação e finalização do processo de resolução do problema. Portanto cumprem a fase 1 (identificar o problema), cumprem a fase 2 (estabelecer o plano corretivo), mas não suportam muitas vezes a fase 3 (finalizar as etapas do plano corretivo). Neste caso, como diriam alguns gurus do mundo moderno, temos “muita iniciativa e pouca acabativa”. A consequência disto, são vários acidentes durante a escalada e, o potencial não atingimento do cume da montanha.

CÉREBRO E MÚSCULO

Pegando o tema “foque nas etapas” como gancho e, tendo vivido na própria pele a experiência de participar de projetos com muita iniciativa e pouca acabativa, repousaria esta ocorrência indesejada para qualquer empresa e projeto (patinada ou perpetuação de problema), em um pilar que chamarei perfil do colaborador e que todos nós identificaremos facilmente.

SENHOR MÚSCULO, integrante hábil da “base” da pirâmide intelectual de diversos setores, áreas, empresas e, projetos. Extremamente necessário no quadro organizacional, normalmente energizado, focado em fazer, ótimo cumpridor de tarefas, mas com oportunidades com referência às questões estratégicas, relacionadas à processos visionários, de longo prazo e, portanto, que entreguem continuidade e perpetuação do negócio.

SENHOR CÉREBRO, integrante hábil do “topo” da pirâmide intelectual de diversos setores, áreas, empresas e, projetos. Extremamente necessário, normalmente moderado, focado em pensar, ótimo em liderar, mas com oportunidades com referência às questões táticas, relacionadas ao pagar às contas de amanhã, colocar a mão na massa, cobrar o escanteio e chutar para o gol, que deixam o negócio vivo todo santo dia, independente do futuro que virá.

HOMEM DE FERRO, integrante “imprescindível” em todos os setores, áreas, empresa e, projetos. Extremamente necessário em TODAS as organizações, diferenciado por saber e fazer, energizado conforme à necessidade e momento, detentor de ótimo balanço entre estratégico e tático, focado no resolver sem perder a visão do construir. É visionário, mas vai à luta!

Navegando no universo de algumas empresas, com destaque para momentos de crise e grandes mudanças, sinto a falta dos homens de ferro. Comumente convivo com SENHORES CÉREBROS, que entendem, visualizam, compartilham das mesmas ideias, mas basicamente por falta de perfil, não fazem a roda girar, não descem à terra, não sujam os sapatos, não sabem como pressionar e liderar projetos que necessitam de energia e foco frequente, até que seja totalmente finalizado. Ao mesmo tempo, também convivo com SENHORES MÚSCULOS, que executam, implementam, mas não alinham o hoje com o amanhã, não eliminam os problemas futuros através das correções do presente e não enxergam ou forçam as organizações a pensarem, se desafiarem e construírem negócios superiores.

Fechando este ponto, como ter e desenvolver homens de ferro é algo raro, facilmente encontramos em um mesmo nível funcional, os extremos, músculo e cérebro (pior dos mundos). Neste caso, dependendo do momento da empresa, os projetos patinarão através de grandes ondas patrocinadas por fases e modas internas de gestão. Portanto, em algum momento o senhor cérebro será elevado aos céus e divagará, criará lindos planos e grandes projetos, que dificilmente serão implementados. Em outros momentos, o senhor músculo será puxado da terra de Hades, colocado ao lado de Cronos (líder máximo da organização) e iniciará a sua missão do fazer sem pensar, construir sem visualizar.

Precisamos de homens de ferro!

RESUMINDO

1.       Oportunidades: Elas existem e estão disponíveis do outro lado da sua porta. Abrir a porta, depende apenas de você;

2.       Pessoas: Investir em pessoas sempre será a melhor solução no médio e longo prazo. Portanto, ter as melhores pessoas dentro da sua operação e ao seu lado, proporcionará sempre um diferencial entre você, versus os seus concorrentes;

3.       Medicação: Novos problemas, implicam em novos remédios. Não arraste um problema através de automedicação, pois sempre existirá vaga em hospitais e cemitérios. A melhor solução para cura, sempre será a utilização do especialista da área, com a combinação do, medicamento, dose e frequência correta;

4.       Etapas: Identificado o problema e o plano de correção, coloque energia e foco na implementação e finalização de cada etapa. Esqueça o problema e foque nas etapas do processo, pois desta forma, você atingirá o cume da montanha;

5.       Cérebro e Músculo: Busque sempre o balanço entre estratégico e tático, dentro de cada nível funcional da organização. De tempos em tempos e, por razões diversas, perceberá que um destes pratos da balança estará mais pesado versus o outro. Acompanhe isto de perto, evite grandes distorções, mantenha em sua mira e ao seu redor, os homens de ferro!