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Risco Financeiro - Os bancos não podem 'quebrar'
09/09/2016 - por Fabiano Roberto Santos de Lima

A intermediação de fluxos monetários exercida pelos bancos no mercado financeiro tem relevância muito maior que tão somente captar recursos de agentes superavitários e transferência aos deficitários, com pagamentos de juros e spread. O funcionamento está fundamentado nas operações de crédito, financiamentos e serviços e, para tanto, a liquidez é fundamental para que haja saúde financeira e as operações sejam realizáveis com perspectivas de riscos aceitáveis considerados.

Podemos entender risco como sendo exposição a incertezas. Essas incertezas podem pender para possibilidades de ganhos futuros ou para exposição a perdas.  No contexto bancário, os riscos estão associados a probabilidades dos impactos na diminuição no valor do capital da entidade e suas operações, dado a natureza do negócio, estão intimamente ligadas ao risco. A liquidez bancária associada ao risco, portanto, está diretamente ligada à capacidade que os bancos possuem de financiar suas operações e promover o aumento de ativos sem que incorra em perdas inaceitáveis, ao passo que consegue cumprir suas obrigações. Os períodos de crescimento econômico são fortemente apoiados pela expansão do crédito fomentado pelos bancos, pois nestes períodos há o aumento da quantidade de moeda em circulação que serão destinadas ao financiamento de gastos de consumo das famílias e, ainda, o gasto de investimentos dos empresários. Portanto, a expansão do crédito apoiado por políticas monetárias, é extremamente importante para aumento da demanda agregada e para suportar o crescimento econômico.

Chama atenção o fato de que nas operações comerciais de crédito dos bancos, quando em situações de crises, seus ativos são ilíquidos face a dificuldade econômica, pela falta de pagamentos e pelos resgates de depósitos feitos pelos depositantes. Isso leva à necessidade de os bancos precisarem de recursos financeiros para atender as retiradas, porém seus ativos “de entrada” diminuem, ou seja, os ativos são ilíquidos e os depósitos são líquidos. O volume de operações de crédito, desta forma, pode levar o sistema ao colapso. A crise financeira impacta e acaba por resultar em crise econômica. Isso ocorre pela redução de riqueza dos acionistas e pela redução de oferta de base monetária (dinheiro) desencadeando na diminuição da eficácia do setor, pois desta forma, tomar crédito torna-se muito mais difícil e caro para as famílias e empresários. Portanto, os efeitos da falta de crédito agravam as crises econômicas.

No centro das crises financeiras podemos observar dois fatores fundamentais, um, é o fator expectacional. A expectativa e confiança são determinantes para a economia e, o comportamento dos mutuários pode se alterar (financeiramente falando) em função da iminência de uma crise – que acaba por se concretizar com o pensamento de dezenas de milhares de pessoas alterando seus comportamentos pelo mesmo pensamento. O outro, reside na observação que as crises fazem parte de um ciclo que se alterna a cada período de tempo e que traz consigo os efeitos - também conhecidos - de diminuição dos ativos, dificuldades para quitação de dívidas e a diminuição do volume de depósitos. Mesmo com esta observação já aparentemente conhecida, os bancos concedem créditos com base nas expectativas futuras de depósito, levando a uma incompatibilidade temporal entre empréstimos e depósitos.

Este aspecto foi observado na Grande Depressão de 1929, onde, no período em que o sistema financeiro dos Estados Unidos enfrentou condições extremamente difíceis pois, primeiro ocorreu o colapso da Bolsa de Valores e, na sequência, aconteceu o colapso do crédito encerrando em falências sucessivas de empresas e bancos. Nesta ocasião, uma das medidas mais expressivas que possibilitou a retomada da economia foi a retomada da concessão de crédito para países externos.

Em 2008 a crise subprime fez com que o governo dos Estados Unidos solicitasse no senado a quantia de U$ 800 bilhões para intervenção direta na economia e salvar seus bancos da falência. Há de se observar que a essa altura, já ocorrera de alguns bancos e também grandes empresas já terem encerrado suas atividades ameaçando todo o sistema financeiro mundial. Não podemos deixar de observar aqui que esta solicitação - de apoio monetário para salvar todo o mercado, rendeu severas críticas ao governo Obama, pois foi acusado, na época, de não ter feito igual esforço para auxiliar as famílias americanas, que sofreram profundos impactos da crise. Em suma, a crise financeira americana foi causada por riscos assumidos por instituições que nunca foram regulamentadas.

Com base no exposto, sabemos que é necessário não somente conhecer os riscos envolvendo as operações de crédito, mas também regular estas operações realizadas pelos bancos. Neste sentido, reside a importância da atuação do regulador financeiro ou autoridade monetária para intervir nos mercados definindo parâmetros e políticas macroprudenciais garantindo desta forma a manutenção do sistema.

O Acordo de Basileia determinou, em conjunto com os Bancos Centrais de 27 países, inclusive o Brasil, um capital mínimo sobre o volume de seus ativos (financiamentos e recursos) de maneira a proteger seus depositantes e evitar quebras. Estão determinados em quatro determinações a serem seguidas: a. somente serão considerados como capital próprio os ativos de alta liquidez da instituição; b. as instituições precisam de uma reserva de capital adicional para absorver riscos e perdas em momentos de crises; c. Atuar com dois índices de disponibilidade, um para curto prazo e outro para longo prazo visando fontes de captação de recursos mais estáveis; d. adoção de um índice de alavancagem de 3% em relação ao capital principal da organização, levando os bancos a não emprestarem recursos superiores a 33 vezes seu capital.

Estas ações são importantes para a proteção do sistema bancário contra a possibilidade do ‘descasamento’ entre o fluxo empréstimos e o fluxo de recursos captados, já que os bancos ficam expostos ao problema de liquidez no processo de intermediação financeira quando desta situação. O efeito é a concentração em operações de crédito de menor risco e redução da oferta de crédito. Para as famílias, de um modo geral, a regulação, traz aspectos positivos também, uma vez que, quando os bancos não atuam de forma irresponsável os governos não precisam destinar recursos para salvar os mercados financeiros. Recursos esses que poderiam ser destinados para uso de políticas públicas.

 
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