Quando terminei o curso de Bacharel em Administração de Empresas, no Centro Universitário Celso Lisboa, em 1999, escolhi como tema para a monografia um dos assuntos mais difíceis e empolgantes sobre o comportamento humano nas organizações: Ética Empresarial.

Naquela época, assuntos relacionados à ética e responsabilidade social ainda se mostravam bem tímidos. Sites de busca na internet geravam, somente, dois ou três itens no resultado da pesquisa e alguns poucos livros ofereciam conteúdo suficiente para criar métodos ou procedimentos na implantação da ética nas organizações. 

A ética se baseia na liberdade, ou seja, na opção voluntária pelo bem, consciente da possibilidade de preferir o mal, aplicável ao comportamento do indivíduo em diversos níveis, agindo corretamente em relação a si próprio e ao seu semelhante. De origem grega, o termo ethos significa costumes e deve ser entendido com um conjunto de princípios básicos que visam disciplinar e regular o costume, a moral e a conduta das pessoas. Esse é o aspecto amplo da palavra.

Num sentido mais restrito, a ética é utilizada para conceituar deveres e estabelecer regras de conduta do indivíduo no desempenho de suas atividades profissionais e em seu relacionamento com clientes e demais pessoas.

Mas como administrar decisões e atitudes éticas dentro da organização? De que forma uniformizar os sentimentos de justiça e honestidade, nos diversos dilemas morais vividos por funcionários e empregadores?

Dessa forma surgiram os códigos de ética. Eles oferecem a orientação necessária e estabelecem diretrizes para serem seguidas visando manter um nível digno de conduta profissional.

Aproveitando os estudos e pesquisas sobre este assunto, desenvolvi um projeto que orienta às organizações quanto aos primeiros passos para a institucionalização da ética, cujo resumo apresento aqui. A empresa que pretende institucionalizar a ética deve iniciar com duas primeiras ações:

I - Constituir uma Comissão de Ética.

Pode ser formada, por exemplo, por um profissional da área de Recursos Humanos, um da área de Marketing, um da área Jurídica e outro da área que exerce a atividade fim da empresa.

Esta Comissão deve interagir com o responsável por cada setor da empresa e solicitar que descrevam as suas principais dúvidas em questões éticas. A seguir, eles abririam a discussão com sua equipe de trabalho, dando oportunidade para que todos participem. A dificuldade com a Ética nas organizações está em estabelecer o que é bem e mal, certo e errado. Aconselho que as empresas iniciem com o que consideram mal, ou seja, o que não é admitido que ocorra nas suas relações com colaboradores, fornecedores, clientes etc. Lembrem-se: quanto mais democrático e participativo, maiores as chances de sua eficácia. 

Caberá a área de Recursos Humanos organizar palestras sobre o assunto, divulgando a intenção da empresa na criação de um Código de Ética. A Comissão de Ética será responsável por:

? Confeccionar o Código de Ética.

? Divulgar os padrões de conduta dentro e fora da empresa.

? Avaliar e apoiar dúvidas sobre questões éticas.

? Julgar casos de violação do Código de Ética.

II - Confecção do Código de Ética.

Estas informações, recolhidas de cada área, serão condensadas e servirão de base para a confecção do Código de Ética (alguns chamam de Código de Conduta, Cartilha de Valores, Carta de Princípios).O Código de Ética deverá conter:

? Objetivo.

? Definições (dos termos utilizados).

? Princípios Gerais (citando os valores mais importantes para a empresa).

? Abrangência.

? Condutas aceitáveis e também as não aceitáveis.

Dentro de cada item citado acima, existem vários passos a serem seguidos, que variam de acordo com a cultura e o ramo de atividade de cada organização e será necessária uma análise meticulosa para que o Código de Ética não se apresente cansativo ou repetitivo. É importante não transformá-lo em regulamento ou manual de procedimentos.

Atualmente, existe vasto material publicado em sites na internet, onde poderão ser encontrados vários exemplos de Código de Ética.

Vale conferir a denominada Carta de Princípios da empresa Johnson & Johnson, escrita em 1943.