Creio que está claro que vivemos numa realidade de mercado de trabalho muito diferente da dos nossos pais. A realidade hoje é pautada pela incerteza, instabilidade e insegurança de posições em que o status quo muda e se alterna constantemente.

Independentemente do desempenho da economia, muitas companhias têm na competitividade não mais o seu diferencial, mas sua sobrevivência. Isso gera mudanças mais frequentes no lay-out da organização do trabalho e no modelo de contratação e remuneração.

Por outro lado, essa nova realidade traz à carreira a possibilidade de um rumo diferente.

No lugar de uma vida toda dedicada a uma companhia com lentas promoções internas; temos uma vida mais dinâmica com uma carreira composta por vários empregos, em várias empresas, com rápidas e muitas promoções e, também, algumas demissões no meio do caminho - histórias de sucessos e fracassos misturados no mesmo currículo.

Isso quer dizer que mais dia menos dia perderemos um trabalho. E conseguiremos outro! A questão é o tempo que demoraremos a encontrar este novo trabalho. Todos sabemos, quanto mais rápido uma colocação, mais fácil e melhor. Quanto mais lenta, mais as dificuldades aumentam, os contatos se distanciam e o sentimento de exclusão se evidencia.

E o que o networking tem a ver com isso?

Aí entra a importância do networking. Criar e manter rede de contatos garante o surgimento de oportunidades para o trabalho, para empresa e, também, para carreira. Oportunidades para você e para sua rede, numa via de mão dupla.

Esse benefício – a geração de oportunidades mútuas – torna a prática de networking uma atividade viva e contínua, aumentando seu poder de influência a cada nova indicação que realizamos.

Então, como praticar networking?

Uma coisa tem que ficar bem clara: não é a rede de contatos que cria uma pessoa, é a pessoa que cria uma rede de contatos em função das suas realizações e da vida social que o ambiente de trabalho proporciona. Portanto, networking é consequência, por isso mesmo pessoas competentes têm sempre bons contatos e um bom campo de influência. Ou deveriam ter.

Muitas vezes não utilizamos todo o potencial de networking que podemos criar e manter. Possibilidades existem, faltam em alguns casos, o hábito e a atenção a esta nova competência atrelada à empregabilidade e ao empreendedorismo.

Rede de contatos

Todos nós temos uma rede de contatos, por menor que seja ela já existe. São nossos colegas de trabalho, fornecedores, clientes e parceiros de negócios, amigos de faculdade, amigos mais próximos, familiares e até vizinhos. Contato todo mundo tem. Agora, numa rede organizada e estruturada, só as pessoas que se preocupam com o networking.

Em outras palavras, quando nos preocupamos com rede temos o cuidado de registrar, classificar e organizar cada contato que possuímos. Com isso podemos visualizar melhor nossa rede e, com eles, expandir nosso campo de influência, encontrando e distribuindo oportunidades.

Então, tente organizar seus contatos, comece pela sua agenda, visualize todos os nomes e, se houver só informações básicas – nome e telefone – busque complementar cada “registro” com informações que for lembrando. Adicione e complemente com dados de outras agendas e redes sociais.

Depois crie grupos de contatos. Você pode fazer isso usando a própria agenda do smartphone ou até uma plataforma de gestão de contatos comerciais. A partir daí é só começar a aplicar tags. Marcações em cada contato para facilitar seu entendimento sobre cada um e, também, seu processo de busca, filtro, classificação e segmentação.

Networking

Esse simples exercício de organização já vai ajudar a perceber que conhecemos muito mais gente do que imaginávamos. Agora, frente aos seus objetivos profissionais, visualize as pessoas que por alguma razão são importantes e perceba seu grau de relevância e influência nestes contatos.

Em alguns casos o grau é tão alto que com certeza não se trata mais só de um contato, mas de um relacionamento com reconhecimento mútuo e muitas histórias.

Por outro lado, confira que há muitas pessoas importantes para você que por alguma razão, são apenas contatos. Geralmente são pessoas que sabem seu valor, têm boa opinião a seu respeito, mas por alguma razão – talvez o nosso corre-corre no dia a dia – não migraram para um relacionamento na sua vida profissional.

Aí se pergunte: por que não tenho um relacionamento maior? Não estamos falando em “forçar uma amizade”, que acontece quando não somos reconhecidos pelos contatos e tentamos criar um vínculo. Estamos falando de pessoas que nos conhecem, sabem do nosso trabalho, nosso valor pessoal e profissional, têm admiração, mas, não damos atenção e, pior, muitas vezes “sumimos”.

Muita gente busca desesperadamente investir em novos contatos, quando o caminho mais natural é primeiro valorizar a rede que já temos. Porém, mais uma vez é importante deixar claro, rede de contatos é consequência. E o reconhecimento não vem da reaproximação, vem de algo natural que houve e há entre você e seus contatos.

Gerando leads e novos contatos

Em paralelo à reorganização dos contatos atuais e a valorização dos contatos estratégicos, para ser um bom networker é necessário também saber gerar leads – novos contatos, novas pessoas para a sua rede.

Há duas formas para estabelecer novos e bons contatos: a primeira é a natural e a que efetivamente mais funciona, aproveitando sua exposição nos círculos sociais já existentes (empresa, escola, família, clube, vizinhança etc.) – para isso a dica é simples: apresente-se e mantenha-se sempre prestativo, atencioso, comunicativo e amigável.

Essas características sociais cada pessoa tem em um nível; o importante é você utilizá-las respeitando seus limites, sem “forçar” algo que você não é. Claro que com tempo podemos nos desenvolver e reduzir nossas limitações; porém, vale repetir: rede é consequência. O uso inadequado o transformará numa pessoa vista como “chata”, interesseira e limitada.

A outra forma de gerar leads é se expor em novos ambientes sociais. Locais, eventos e reuniões que não costuma frequentar, mas que podem ser interessantes em função do conhecimento adquirido, da possibilidade de novos negócios e da formação de novos contatos. Feiras de negócios possuem este objetivo. Associações e entidades de classe também têm isso como função.

Eventos pertinentes à sua carreira são momentos importantes para novos contatos. O necessário em eventos corporativos é saber realizar esses leads. Para isso, a melhor forma é se manter sempre acessível e próximo às pessoas, tomando cuidado de não forçar situações e deixando espaço para a causalidade. Portanto quanto mais exposto melhor, mas, sem exageros, respeitando seu modo de agir.

Enfim, pela empregabilidade, empreendedorismo e conhecimento, precisamos ser networkers. Precisamos nos expor, saber gerar leads, transformá-los em contatos com reconhecimento, progredindo para um relacionamento movido à reputação e histórias comuns.

Isso garantirá uma ampla rede de contatos, que o premiará com um maior grau de “poder de influência” para ser ajudado e também ajudar seus contatos com oportunidades e indicações.