Tenho 21 anos, sou formado em contabilidade e estou há três anos em uma instituição financeira internacional. Acredito que, apesar da pouca idade e tempo de casa, cheguei em um ponto onde não vejo grandes possibilidades para crescer nos próximos anos. Claro que existem alguns cargos acima do meu, mas que na prática não trazem diferenças consideráveis em relação a salário e aprendizado. Já tentei ir para o exterior pela empresa, mas creio que sou muito “júnior” para que essa transação seja beneficente para ambas partes. Agora, estou pensando em fazer outra faculdade no exterior, onde poderia aprimorar o idioma e conviver com outra cultura. Além disso, poderia me desenvolver pessoal e profissionalmente, talvez com um emprego na área de finanças para adquirir mais bagagem e depois retornar ao Brasil. O que devo fazer?
Analista de crédito pleno, 21 anos.
Viver um período fora do país, longe da família, estudando ou trabalhando, será sempre uma experiência enriquecedora. Do ponto de vista pessoal trará maturidade, e desenvolverá sua capacidade de assumir e resolver seus problemas contando apenas consigo mesmo. Só isso já justifica a sua opção por estudar fora. E isso é verdadeiro não importando em que país e escola. No entanto, pelo lado acadêmico, para que também seja uma experiência positiva é necessário escolher-se uma boa escola e um curso que seja importante para o desenvolvimento futuro de sua carreira. Não é qualquer escola, de qualquer país, que vai enriquecer seu currículo ou vai dar bases sólidas para sua evolução profissional.
Do ponto de vista curricular é mais importante ter um bom diploma de uma grande escola brasileira do que um equivalente de uma escola desconhecida de um país sem tradição.
Agora, do ponto de vista profissional, o que sua pergunta deixa antever é que você tem mais sonhos e desejos do que planos e projetos bem estruturados. Uma carreira de sucesso é resultado de um planejamento bem elaborado. O projeto de carreira deve se subordinar a um projeto de vida. Este projeto de vida deve responder as perguntas mais básicas tais como: o que se espera da vida e aonde se pretende chegar. Família? Filhos? Em que região? Fazendo o que? E assim vai. Ou seja, antes de definir a carreira, tem que se definir um projeto de vida.
A carreira é apenas o veiculo e não o destino da viagem. Outro ponto importante é que aos 21 anos e com apenas três anos de trabalho parece ainda cedo para você se sentir desencorajado pela evolução da sua carreira. A carreira é uma corrida de longa distância, é uma maratona. Arrancar na frente e correr desesperadamente os primeiros metros, talvez não seja a melhor forma para garantir a vitória ao final da corrida. É importante desenvolver um pouco de paciência e de capacidade de observação. Procure aprender com todos e em todas as oportunidades. Nem sempre se aprende muito apenas com crescimento e vitórias.
Os fatores de sucesso de uma carreira podem ser simplificadamente divididos em três terços:
- O primeiro é composto pela capacidade técnica e competências profissionais. São fatores importantes, mas não são primordiais.
- O segundo terço, é composto por aspectos comportamentais e relacionais. Pode-se afirmar, sem dúvida, que é mais provável que pessoas com comportamento adequado e alta capacidade de estabelecer relacionamentos positivos consigam fazer sucesso na carreira, mais do que pessoas brilhantes intelectualmente, mas de comportamento vago ou agressivo.
- O terceiro terço são fatores econômicos e estruturais. É mais fácil ter sucesso na carreira em momentos de crescimento econômico, ou, trabalhando-se em empresas que estejam crescendo com enorme sucesso. Comparando-se com uma corrida de automóvel, o melhor piloto no pior carro, provavelmente não será campeão.
Concluindo, para que estes três terços do projeto de carreira estejam convenientemente em sintonia entre si é fundamental avaliar, planejar e fazer as escolhas acertadas nos momentos específicos.