"Trabalho há 12 anos em uma grande empresa nacional e nos últimos 4 passei a ocupar um cargo de comando, no qual tenho que lidar com muitos jovens executivos. Percebo que a grande maioria deles chega à companhia muito bem preparada, com forte formação acadêmica e até MBA em escolas renomadas no exterior. Como aprendi quase tudo na prática ao longo dos anos, estou começando a me sentir desatualizado e com medo de ficar para trás. Pensei em fazer uma especialização, mas não sei se vou ter tempo e disposição para me dedicar a um curso nessa altura da carreira. Além disso, esta é uma ideia que me assusta um pouco, pois não frequento uma sala de aula desde que me formei na faculdade. Devo insistir nessa ideia?"
Gestor, 47 anos
Sem dúvida. Será muito bom para você poder voltar a estudar. Isso é muito importante. É a melhor forma de manter-se sempre atualizado e atento às inovações sociais e tecnológicas, além de permitir acompanhar as novas tendências e evolução de mercado para continuar fazendo parte dele. É preciso planejar e cuidar da carreira o tempo todo, a qualquer idade, em qualquer nível hierárquico. Quem não planeja e cuida da carreira é sempre surpreendido e, quem estiver atualizado, sempre terá espaço no mercado de trabalho, seja qual for a idade. Nestes tempos difíceis não espere que a empresa se ocupe de sua carreira. Não importa sua idade, nem há quanto você tempo trabalha. É você que tem que se preocupar com sua evolução profissional.
Hoje em dia, na sociedade do conhecimento, um profissional deve ser especialista em alguma coisa. Aquela velha máxima de que o bom é ser generalista não é mais verdade. Atualmente, com os desafios e mudanças constantes de mercado as empresas lutam e disputam cada espaço para poder se manter lucrativas e por isso, não tem tempo para formar seus novos craques. Querem encontrar e contratar um que já esteja pronto. Esse profissional deve conhecer a si próprio, saber identificar suas limitações e no que é bom. Ele precisa ter autocontrole, pois quem não se controla não controla nada nem ninguém. É preciso também ter empatia, que é perceber o que os outros querem e fazer as pessoas perceberem o que você quer. Ter coragem de optar por um caminho sem medo, assim como a capacidade de influenciar outros. E, finalmente, ter a habilidade de se antecipar, que nada mais é do que estar atento ao que está acontecendo hoje e que pode influenciar o amanhã. Essas competências essenciais podem ser treinadas e desenvolvidas.
Podemos definir, simplificadamente, que as pessoas que atingem níveis executivos e gerenciais são exatamente aqueles que buscam a liderança, os chamados “machos alfa ou fêmeas dominantes”, líderes de grupo. São os que se destacam, os que dominam, os que querem e impõem. São homens e mulheres com três características em comum. A primeira é que eles são muito determinados em atingir resultados e obter sucesso. A segunda é que são muito impacientes. A terceira é que tendem a ser impulsivos, agressivos. Esse esforço faz deles muito competitivos. São focados no sucesso, atingem resultados, fazem coisas que os outros dizem que não podem ser feitas e tem alto nível de autoestima. Têm muita expectativa com relação a si mesmos e com as pessoas com quem trabalham. Sempre planejam a carreira para chegar ao topo.
A expectativa de futuro na carreira é diferente para cada faixa etária. A idéia é que cada momento e cada idade têm seus “pontos críticos”. Cometer erros nestes momentos pode gerar problemas. É preciso saber aproveitar todas as ocasiões e assumir desafios. Cursos, um projeto inovador, um cargo no exterior, novas “missões”, grandes equipes, atividades estratégicas. O período dos "quarenta anos" é o dos grandes dilemas. “Tirar o pé e se acomodar ou pisar fundo e se desenvolver ? A hora de mudar é agora. Depois poderá ser muito tarde. Este é o melhor momento para voltar aos bancos de escola, buscar novas competências e relançar a carreira. Nos "quarenta" os degraus podem parecer mais altos e o fôlego mais curto. Para ultrapassar este momento decisivo as competências técnicas já não são mais suficientes. É preciso saber construir uma rede de contatos. A escola é o lugar perfeito para desenvolver isso. Não precisa ser um curso longo e formal. Pode ser uma sequencia de cursos curtos, específicos com assuntos diretamente ligados ao seu trabalho. O melhor curso é aquele que lhe traz conhecimento que pode ser aplicado e usado diretamente no seu dia-a-dia. Só o conhecimento aplicado vira competência.
O mundo vive tempos de grandes mudanças e tudo muito depressa. As empresas são obrigadas a se reinventar. Qualquer que seja a sua idade, qualquer que seja o seu momento, não pare, não durma sobre os louros de vitórias passadas. O mercado exige competência e experiência.